Figuras de Som
Ao falarmos sobre figuras de som ou de harmonia, estamos nos referindo, de modo específico, às figuras de linguagem. Mas, afinal, o que são figuras de linguagem? No sentido de compreendê-las, faz-se necessário que entendamos, primeiramente, os sentidos denotativo e conotativo das palavras.
Sentido denotativo está diretamente relacionado ao sentido literal, convencional, aquele condizente ao significado prescrito pelo dicionário. Sendo assim, ao dizermos que “a vegetação fora destruída pelo fogo”, depreendemos que “fogo” faz referência ao sentido original. Já o sentido conotativo diz respeito àquele que foge do convencional, ou seja, aquele que permite múltiplas interpretações, dando vazão ao instinto subjetivo de quem o interpreta. Assim sendo, ao nos depararmos com a frase “amor é fogo que arde sem se ver”, remetemo-nos a tal situação.
Munidos desta percepção, somos agora conduzidos a compreender as “figuras de linguagem”, que tratam dos variados recursos utilizados pelo emissor, cujo objetivo é o de realçar a mensagem, de atribuir-lhe um caráter enfático – razão pela qual elas estão muito presentes na Literatura.
De modo específico, daremos ênfase às chamadas figuras de som, cujos efeitos se voltam para a repetição de sons, como, por exemplo, a repetição de uma vogal ou de uma consoante, ou ainda quando a intenção é imitar os sons produzidos por coisas ou seres. Assim sendo, tais figuras se subdividem em:
Sentido denotativo está diretamente relacionado ao sentido literal, convencional, aquele condizente ao significado prescrito pelo dicionário. Sendo assim, ao dizermos que “a vegetação fora destruída pelo fogo”, depreendemos que “fogo” faz referência ao sentido original. Já o sentido conotativo diz respeito àquele que foge do convencional, ou seja, aquele que permite múltiplas interpretações, dando vazão ao instinto subjetivo de quem o interpreta. Assim sendo, ao nos depararmos com a frase “amor é fogo que arde sem se ver”, remetemo-nos a tal situação.
Munidos desta percepção, somos agora conduzidos a compreender as “figuras de linguagem”, que tratam dos variados recursos utilizados pelo emissor, cujo objetivo é o de realçar a mensagem, de atribuir-lhe um caráter enfático – razão pela qual elas estão muito presentes na Literatura.
De modo específico, daremos ênfase às chamadas figuras de som, cujos efeitos se voltam para a repetição de sons, como, por exemplo, a repetição de uma vogal ou de uma consoante, ou ainda quando a intenção é imitar os sons produzidos por coisas ou seres. Assim sendo, tais figuras se subdividem em:
Aliteração
Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro significativo. Exemplos:
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
O rato roeu a roupa do rei de Roma.
"Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas."
Cruz e Souza (Aliteração em "v")
Violões que choram
[...]
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
[...]
Cruz e Souza
Assonância Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos. Exemplos:
"Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral."
[...]
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
[...]
Cruz e Souza
Assonância Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos. Exemplos:
"Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral."
Antífona
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Cruz e Souza
Notamos que as vogais “o”, “a” e “e” se repetem constantemente em todos os versos.
Nesse exemplo, podemos perceber a combinação de ambas as figuras (assonância e aliteração).
Notamos que as vogais “o”, “a” e “e” se repetem constantemente em todos os versos.
Nesse exemplo, podemos perceber a combinação de ambas as figuras (assonância e aliteração).
Observe:
Um sonho
Na messe, que enlourece, estremece a quermesse...
O sol, celestial girassol, esmorece...
E as cantilenas de serenos sons amenos
Fogem fluidas, fluindo a fina flor dos fenos...
[...]
Eugênio de Castro
Onomatopeia
Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade. Exemplos:
Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.
Miau, miau. (Som emitido pelo gato)
Tic-tac, tic-tac fazia o relógio da sala de jantar.
Cócórócócó, fez o galo às seis da manhã.ONOMATOPÉIA
Um sonho
Na messe, que enlourece, estremece a quermesse...
O sol, celestial girassol, esmorece...
E as cantilenas de serenos sons amenos
Fogem fluidas, fluindo a fina flor dos fenos...
[...]
Eugênio de Castro
Onomatopeia
Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade. Exemplos:
Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.
Miau, miau. (Som emitido pelo gato)
Tic-tac, tic-tac fazia o relógio da sala de jantar.
Cócórócócó, fez o galo às seis da manhã.ONOMATOPÉIA
A
onomatopéia ocorre quando se forma uma nova palavra por
meio da imitação de sons. A palavra formada procura
reproduzir um determinado som, adaptando-o ao conjunto
de
fonemas de que a língua dispõe. Dessa forma, surgem palavras como: cacarejar; zumbir, arrulhar, crocitar, troar e outros verbos que designam vozes de animais e fenômenos naturais; tique-taque, teco-teco, reco-reco, bangue-bangue (a partir
do inglês bangbang), pingue-pongue,
xixi, triquetraque
(fogo de artifício), saci (nome de
uma
ave e, por extensão, de ente mitológico), cega-rega (cigarra; por extensão, pessoa tagarela), chinfrim (coisa sem valor), quiquiriqui (pessoa ou
coisa insignificante), blablablá, zunzunzum, pimpampum e outras, sempre sugestivas.
Ode triunfal
À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!
[...]
Álvaro de Campos – heterônimo de Fernando Pessoa
À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!
[...]
Álvaro de Campos – heterônimo de Fernando Pessoa
Paronomásia
Caracteriza-se pela reprodução de sons semelhantes em palavras com significados distintos. Eis alguns exemplos:Aquela cativa
Caracteriza-se pela reprodução de sons semelhantes em palavras com significados distintos. Eis alguns exemplos:Aquela cativa
Aquela cativa
que me tem cativo,
porque nela vivo
já não quer que viva.
[...]
Luís de Camões
Qualquer coisa
[...]
Berro pelo aterro
Pelo desterro
Berro por seu berro
Pelo seu erro
[...]
Caetano Veloso