Concordância com sujeito indeterminado
Em casa, fica-se mais à vontade.
Detesta-se aos individuos falsos.
Acabe-se de vez com esses abusos.
Concordância com milhão, bilhão, trilhão
Um milhão de fiéis agruparam-se em procissão.
Pelas contas da Petrobrás, podem faltar um bilhão e meio de litros de álcool.
Quase um milhão de homens movem-se naquelas ruas estreitas.
Concordância com números fracionários e percentuais
Só 1% dos eleitores se absteve.
Só 1% se absteve da eleição.
Só 2% se abstiveram.
Só 1% dos eleitores se abstiveram.
Dois terços da população vivem da agricultura.
Um quinto dos bens cabe ao menino.
Um quinto dos homens eram de São Paulo.
Concordância com o pronome nós subentendido
O verbo concorda com o pronome subentendido nós em frase do tipo:
Todos estávamos preocupados.
Os dois vivíamos em paz.
Ficamos por aqui.
Fonte Cegalla - Novíssima gramática da língua portuguesa
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
Exercícios dos principais vestibulares do Brasil e ENEM
3º BIMESTRE
Professor Roberto Monção
1.
(Acafe
2012) Assinale a frase correta quanto à concordância verbal.
a) Como faziam anos que meu
marido tinha morrido, contratei três empregados que era suficiente para cuidar
da fazenda.
b) Compraram-se alguns
equipamentos necessários à adequação da nossa indústria às atuais exigências de
mercado.
c) Talvez possam haver
soluções melhores do que estas, mas nenhuma delas foram sugeridas até agora.
d) Ainda não havia soado 11
horas da noite, quando bateu à porta: eram três meninos das redondezas.
2.
(Insper
2011) Na edição 2177, de 11/08/2010, a revista Veja publicou a
reportagem Falar e escrever bem: rumo à vitória, com dicas para não
“tropeçar” no idioma durante uma entrevista de emprego.
Identifique a alternativa que apresenta uma explicação INADEQUADA para
a correção feita.
a) Houve algumas dificuldades: o verbo “haver”, no
sentido de “existir” é impessoal e não admite flexão.
b) O chefe bloqueou meu último
pagamento:
deve-se empregar um sinônimo, pois o verbo “reter” é defectivo.
c) Seguem anexos dois
trabalhos:
é preciso estar atento à concordância verbal e nominal.
d) Já faz cinco anos: quando indica tempo
decorrido, o verbo “fazer” deve permanecer no singular.
e) Se eu dispuser de uma boa
equipe: o
verbo “dispor” deve seguir a conjugação do verbo “pôr”.
3.
(Ibmecsp
2009) Analise o emprego
do verbo "fazer" nos excertos a seguir:
I
- Seria excessivo dizer que hoje já não se fazem bons filmes, mas não é
excessivo dizer que já não se fazem filmes como antigamente.
(Boris Fausto, "Folha de São
Paulo", 28 de maio de 2006)
II
- "Eu tinha apenas dezessete anos
No
dia em que saí de casa
E
não fazem mais de quatro semanas que eu estou na estrada"
("Primeira canção da
estrada", Sá e Guarabyra).
III
- Uma coisa é patente: não fazem mais espelhos como antigamente.
Indique
V (verdadeiro) ou F (falso) em cada uma das alternativas a seguir:
( ) Nos três excertos, o sujeito de
"fazem" tem a mesma classificação: é indeterminado.
( ) Em I, o verbo "fazer" está na
voz passiva sintética, e o sujeito é simples.
( ) Em I, ocorre uma falha de concordância
verbal, uma vez que o índice de indeterminação do sujeito
"se"
exige verbo no singular.
( ) Em II, ocorre oração sem sujeito, por
isso, o verbo não poderia ser flexionado no plural.
( ) Em III, seria obrigatória a inclusão do
índice de indeterminação do sujeito.
A
sequência CORRETA é:
a) V - F - V - F - V.
b) F - F - V - V - F.
c) F - V - F - V - F.
d) V - F - V - F - F.
e) F - V - F - V - V.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
Joaquim
Maria Machado de Assis é cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta,
novelista, romancista, crítico e ensaísta.
Em 2008,
comemora-se o centenário de sua morte, ocorrida em setembro de 1908. Machado de
Assis é considerado o mais canônico escritor da Literatura Brasileira e deixou
uma rica produção literária composta de textos dos mais variados gêneros, em
que se destacam o conto e o romance.
Segue o
texto desse autor, em prosa.
Capítulo
Primeiro - Do título
Uma noite dessas, vindo da cidade
para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um rapaz daqui do bairro, que
eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou
da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os
versos pode ser que não fossem tão inteiramente maus. Sucedeu, porém, que como
eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que
ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.
- Continue, disse eu acordando.
- Já acabei, murmurou ele.
- São
muito bonitos.
8Vi-lhe fazer um gesto
para 9tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava 1amuado.
No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou 3alcunhando-me
de Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos 2reclusos
e calados, 5deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me
zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me
assim, alguns em bilhetes: "Dom Casmurro, domingo vou jantar com
você" - "Vou pra Petrópolis, Dom Casmurro; a casa é a mesma da
Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, 10e vai lá
passar uns quinze dias comigo." - "Meu caro Dom Casmurro, não cuide
que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe
camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça."
Não consulte dicionários. 4Casmurro
não está aqui no sentido que eles dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem
calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de
fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha
narração; 11se não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, 6sendo
título seu, 12poderá cuidar que a obra é sua. 7Há livros
que apenas terão isso de seus autores; alguns nem tanto.
(Dom
Casmurro, Machado de Assis)
4.
(Ibmecrj 2009) Das
alterações efetuadas em "Há livros que apenas terão isso de seus
autores...", (ref. 7) assinale a única que transgride a regra de
concordância verbal.
a) Pode
haver muitos livros.
b) Hão
de existir muitos livros.
c) Devem
existir muitos livros.
d) Há
de haver muitos livros.
e) Pode
existir muitos livros.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
ESTAMOS CRESCENDO DEMAIS ?
O nosso "complexo de
vira-lata" tem múltiplas facetas. Uma delas é o medo de crescer. Sempre
que a economia brasileira mostra um pouco mais de vigor, ergue-se, sinistro, um
coro de vozes falando em "excesso de demanda" "retorno da
inflação" e pedindo medidas de contenção.
O IBGE divulgou as Contas Nacionais
do segundo trimestre de 2007. Não há dúvidas de que a economia está pegando
ritmo. O crescimento foi significativo, embora tenha ficado um pouco abaixo do
esperado. O PIB cresceu 5,4% em relação ao segundo trimestre do ano passado. A
expansão do primeiro semestre foi de 4,9% em comparação com igual período de
2006.(...)
Aturma da bufunfa não pode se
queixar. Entre os subsetores do setor serviços, o segmento que está
"bombando" é o de intermediação financeira e seguros - crescimento de
9,6%. O Brasil continua sendo o paraíso dos bancos e das instituições
financeiras.
Não obstante, os porta-vozes da
bufunfa financeira, pelo menos alguns deles, parecem razoavelmente inquietos.
Há razões para esse medo? É muito duvidoso. Ressalva trivial: é claro que o
governo e o Banco Central nunca podem descuidar da inflação. Se eu fosse cunhar
uma frase digna de um porta-voz da bufunfa, eu diria (parafraseando uma outra
máxima trivializada pela repetição): "O preço da estabilidade é a eterna
vigilância".
Entretanto, a estabilidade não deve
se converter em estagnação. Ou seja, o que queremos é a estabilidade da moeda
nacional, mas não a estabilidade dos níveis de produção e de emprego.
A aceleração do crescimento não
parece trazer grande risco para o controle da inflação. Ela não tem nada de
excepcional. O Brasil está se recuperando de um longo período de crescimento
econômico quase sempre medíocre, inferior à média mundial e bastante inferior
ao de quase todos os principais emergentes.
O Brasil apenas começou a tomar um
certo impulso. Não vamos abortá-lo por medo da inflação.
(Folha de
S.Paulo, 13.09.2007. Adaptado)
5. (Fgv 2008) Assinale a alternativa em que as frases repetem a regra de concordância
verbal da frase - ... O governo e o Banco Central nunca podem descuidar da
inflação.
a) Continuam
bem comportadas as expectativas de inflação para 2007 e as taxas de juro./
Saem-se bem no Brasil os bancos e as instituições financeiras.
b) O
IBGE divulgou ontem as Contas Nacionais do segundo trimestre de 2007./ O Banco
Central deveria impor regras rígidas aos bancos.
c) Temos,
ao mesmo tempo, aumento do grau de utilização da capacidade preexistente e
aumento do estoque de capital./ O controle da inflação não pode correr riscos.
d) Mas
ainda estamos crescendo menos do que quase todos os outros países emergentes./
Aturma do bufunfa não pode se queixar.
e) A
aceleração de crescimento não parece trazer grande risco para o controle da
inflação./ O crescimento do Brasil é inferior à média mundial.
6. (Espm 2007) Dada uma frase, assinale a continuação cuja CONCORDÂNCIA VERBAL
transgrida o que preceitua a norma culta:
"Pesquisa
Datafolha mostra que perfil conservador do brasileiro continua forte:
a) 47%
do eleitorado diz ter posição política de direita."
b) 47%
dos eleitores dizem ter posição política de direita."
c) 47%
diz ter posição política de direita."
d) 47%
dizem ter posição política de direita."
e) 1%
dos eleitores não souberam responder à pesquisa."
7.
(Fuvest 2007) Quanto à
concordância verbal, a frase inteiramente correta é:
a) Cada
um dos participantes, ao inscrever-se, deverão receber as orientações
necessárias.
b) Os
que prometem ser justos, em geral, não conseguem sê-lo sem que se prejudiquem.
c) Já
deu dez horas e a entrega das medalhas ainda não foram feitas.
d) O
que se viam era apenas destroços, cadáveres e ruas completamente destruídas.
e) Devem
ter havido acordos espúrios entre prefeitos e vereadores daqueles municípios.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
VERGONHA
1Será que a gente somos corrupto? De nascença? Por natureza? Alguma coisa
na água, ou no leite da mãe?
Em Paris, nos aconselhavam a não
dizer que éramos bresiliens, pegava
mal. (...) Devíamos dizer du Brésil -
para não acabar dizendo "brasileiros, mas no bom sentido". No cinema
americano, é para o Brasil que vêm tradicionalmente os grandes caloteiros, pelo
menos os que conseguem escapar com grana. Muito do nosso folclore é baseado no
autodesprezo: somos a terra do malandro, do indolente, do encostado. 2Somos, paradoxalmente, a raça do jeito pra tudo e a raça que não tem
jeito mesmo. 3Existiria,
no brasileiro, uma falha estrutural que frustraria todas as tentativas de
reformá-lo. (...)
4Não somos menos morais do que os outros mas gostamos de dizer que somos.
Tem algo a ver com o nosso tamanho. Nosso mar de lama não é maior que os
outros, a extensão da nossa costa é que nos dá delírios de baixeza. Nossa alma
amazônica não se satisfaz com pequenas falcatruas, queremos pororocas de sujeira,
dilúvios de canalhice. (...)
Todas as sociedades deste lado do
mundo são, de um jeito ou de outro, cleptocracias, construídas pelos mais
espertos. 5Nas que
deram certo o proveito desse pioneirismo de canalhas foi distribuído, nas que
continuam a dar errado só uma minoria aproveita do resultado de seus próprios
crimes.
VERISSIMO, L. F. Jornal Zero Hora, 4 de abril de 1991 (fragmento adaptado)
8. (Pucrs 2006) Para responder à questão a seguir, preencha os parênteses que precedem
as afirmativas com V para verdadeiro e F para falso e considere o código a
seguir:
Sobre
a linguagem do texto, é correto afirmar:
( ) Na linha da referência 1, a concordância
verbal não obedece à norma culta da língua, impedindo, por isso, a compreensão
da frase.
( ) O contexto permite que o leitor entenda
como sinônimas as palavras em francês, mesmo que ele não domine essa língua.
( ) Na referência à estada do cronista em
Paris, são apresentadas três possibilidades para indicar a nacionalidade
brasileira.
( ) O paradoxo a que se refere o autor no
segundo parágrafo está expresso pela antítese presente na referência 2.
a) V
- F - F - F
b) F - F - F - V
c) V - V - V - F
d) F
- V - V - V
e) F
- F - V - V
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
Ele se aproximou e com voz cantante
de nordestino que a emocionou, perguntou-lhe:
-
E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear?
-
Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa antes que ele mudasse de ideia.
-
E, se me permite, qual é mesmo a sua graça?
-
Macabéa.
Maca - o quê?
-
Bea, foi ela obrigada a completar.
-
Me desculpe mas até parece doença, doença de pele.
-
Eu também acho esquisito mas minha mãe botou ele por promessa a Nossa Senhora
da Boa Morte se eu vingasse, até um ano de idade eu não era chamada porque não
tinha nome, eu preferia continuar a nunca ser chamada em vez de ter um nome que
ninguém tem mas parece que deu certo - parou um instante retomando o fôlego
perdido e acrescentou desanimada e com pudor - pois como o senhor vê eu
vinguei... pois é...
-
Também no sertão da Paraíba promessa é questão de grande dívida de honra.
Eles
não sabiam como se passeia. Andaram sob a chuva grossa e pararam diante da
vitrine de uma loja de ferragem onde estavam expostos atrás do vidro canos,
latas, parafusos grandes e pregos. E Macabéa, com medo de que o silêncio já
significasse uma ruptura, disse ao lançado recém-lançado-namorado:
-
Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor?
Da
segunda vez em que se encontraram caía uma chuva fininha que ensopava os ossos.
Sem nem ao menos se darem as mãos caminhavam na chuva que na cara de Macabéa
parecia lágrimas escorrendo.
(Clarice Lispector, A hora da estrela.)
9. (Fuvest 2006) No trecho que vai de "Eu também acho esquisito" a "eu
vinguei... pois é...", o autor se vale, para traduzir o estado emocional
de Macabéa, do seguinte recurso expressivo:
a) omissão
de vírgulas entre orações.
b) emprego
reiterado de frases nominais.
c) falta
de rigor na concordância verbal.
d) eliminação
da maioria dos conectivos entre as orações.
e) uso
de regências verbais inadequadas.
10. (Espm 2005) Assinale
o item que contenha transgressão às regras de concordância verbal segundo as
normas gramaticais:
a) Pesquisa
feita por psicólogos mostra que 83% dos alunos de cursinho apresentam sintomas
de estresse.
b) Das
vestibulandas estudadas, 90% tem estresse.
c) Mais
de 1/3 dos eleitores admite mudar de candidato.
d) Ibope
informa que 46% dos brasileiros só conseguem resolver problemas com apenas uma
operação aritmética.
e) Ibope
informa que 46% da população só consegue resolver problemas com apenas uma
operação aritmética.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
O
preto Henrique tomou o caneco das mãos da preta velha e bebeu dois tragos.
-
Ainda tá quente, meu filho? É o restinho...
-
1Tá, tia. Bota mais.
Quando
acabou, disse:
-
Você lembra dessas histórias que você sabe, minha tia?
-
Que histórias?
-
Essas histórias de escravidão...
-
O que é que tem?
-
2Você vai esquecer elas todas.
-
Quando?
-
No dia em que nós for dono disso...
-
Dono de quê?
-
Disso tudo... Da Bahia... do Brasil...
-
Como é isso, meu filho?
-
3Quando a gente não quiser mais ser
escravo dos ricos, titia, e acabar com eles...
-
Quem é que vai fazer feitiço tão grande 4pros ricos ficar tudo pobre?
-
Os pobres mesmo, titia.
-
Negro é escravo. Negro não briga com branco. Branco é senhor dele.
-
O negro é liberto, tia.
-
Eu sei. Foi a Princesa Isabel, no tempo do Imperador. Mas negro continua a
respeitar o branco...
-
Mas a gente agora livra o preto de vez, velha.
-
5Você sabe qual é a coisa mais
melhor do mundo, Henrique?
-
Não.
-
Não sabe o que é? É cavalo. Se não fosse cavalo, branco montava em negro...
Adap. AMADO, Jorge. Suor. Rio de Janeiro: Record, 1984, 43ª ed., p.43/44.
11. (Ufrrj 2005) O texto encontra-se repleto de expressões próprias do padrão coloquial.
A passagem que apresenta inadequação ao padrão culto da língua, quanto à
concordância verbal, é:
a) "Tá,
tia. Bota mais." (ref. 1).
b) "Você
vai esquecer elas todas." (ref. 2).
c) "Quando
a gente não quiser mais ser escravo dos ricos (...)" (ref. 3).
d) "(...)
pros ricos ficar tudo pobre?" (ref. 4).
e) "Você
sabe qual é a coisa mais melhor do mundo?" (ref. 5).
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
Pedro
cumprira sua missão me devolvendo ao seio da família; foi um longo percurso
marcado por um duro recolhimento, os dois permanecemos trancados durante toda a
viagem que realizamos juntos, e na qual, feito menino, me deixei conduzir por
ele o tempo inteiro; era já noite quando chegamos, a fazenda dormia num
silêncio recluso, a casa estava de luto, as luzes apagadas, salvo a clareira
pálida no pátio dos fundos que se devia à expansão da luz da copa, pois a
família se encontrava ainda em volta da mesa; entramos pela varanda da frente,
e assim que meu irmão abriu a porta, o ruído de um garfo repousando no prato,
seguido, embora abafado, de um murmúrio intenso, precedeu a expectativa
angustiante que se instalou na casa inteira; me separei de Pedro ali mesmo na
sala, entrando para o meu antigo quarto, enquanto ele, fazendo vibrar a
cristaleira sob os passos, afundava no corredor em direção à copa, onde a
família o aguardava; largado na beira de minha velha cama, a bagagem jogada
entre meus pés, fui envolvido pelos cheiros caseiros que eu respirava, me
despertando imagens torpes, mutiladas, me fazendo cair logo em confusos
pensamentos; na sucessão de tantas ideias, me passava também pela cabeça o
esforço de Pedro para esconder de todos a sua dor, disfarçada quem sabe pelo
cansaço da viagem; ele não poderia deixar transparecer, ao anunciar a minha
volta, que era um possuído que retornava com ele a casa; ele precisaria
dissimular muito para não estragar a alegria e o júbilo nos olhos de meu pai,
que dali a pouco haveria de proclamar para os que o cercavam que "aquele
que tinha se perdido tornou ao lar, aquele pelo qual chorávamos nos foi
devolvido".
NASSAR, Raduan. Lavoura
Arcaica. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
12. (Pucsp 2003) O trecho
"... os dois permanecemos trancados durante toda a viagem que realizamos
juntos,..." apresenta, quanto à concordância verbal,
a) respectivamente,
silepse ou concordância ideológica e indicação do sujeito pela flexão verbal.
b) em
ambos os casos, indicação do sujeito apenas pela flexão verbal.
c) em
ambos os casos, concordância ideológica ou silepse.
d) respectivamente,
concordância ideológica e silepse.
e) respectivamente,
indicação do sujeito pela flexão verbal e silepse ou concordância ideológica.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
INSTRUÇÃO:
As questões seguintes estão relacionadas ao seguinte anúncio de jornal:
LOJA
DE CALÇADOS FEMININO
Vende-se
3 lojas bem montadas
tradicionais,
nos melhores Pontos
da
Cidade. Ótima Oportunidade!
F:
(__) xxx-xxxxxx
(O Estado de S.Paulo, 15.08.2002)
13. (Unifesp 2003) No corpo do anúncio, a expressão "Vende-se 3 lojas bem
montadas"
a) apresenta
problema de concordância verbal. Deveria ocorrer na forma "Vendem-se"
porque "se" é índice de indeterminação do sujeito, e
"lojas" é o sujeito paciente.
b) não
apresenta problema de concordância verbal porque "se" é índice de
indeterminação do sujeito, e "lojas" é o objeto direto.
c) apresenta
problema de concordância verbal. Deveria ocorrer na forma "Vendem-se"
porque "se" é partícula apassivadora, e "lojas" é o sujeito
paciente.
d) não
apresenta problema de concordância verbal, porque "se" é partícula
apassivadora, e "lojas" é o sujeito paciente.
e) apresenta
problema de concordância verbal. Deveria ocorrer na forma "Vendem-se"
porque "se" é pronome reflexivo com função sintática de objeto
indireto, e "lojas" é o objeto direto.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
O
fragmento de texto abaixo, de André Machado, foi adaptado da seção Informática
etc., do jornal O Globo, de 30 de junho
de 2003, p. 2.
Texto
A Vida Antes e Depois do Computador e da Internet
Professora
usa blog2 para informar sobre deficiências.
Usar
um computador pode de fato dar uma nova dimensão ao dia de um deficiente
físico. A professora Marcela Cálamo Vaz Silva, 36, moradora de Guarulhos, SP, é
tetraplégica desde os seis anos de idade e conta que a tecnologia mudou sua
vida. Ela também cita o Motrix e o Dosvox como exemplos de softwares que ajudam
os deficientes, embora seu caso não os exija:
-
Nunca usei nenhum software específico para portadores de deficiência, pois,
mesmo com uma lesão num nível muito alto, que me classifica como tetraplégica,
tenho preservados os movimentos de braços, mãos e dedos - explica, por e-mail.
Mas posso dizer, com toda segurança, que minha vida se divide em duas fases:
antes e depois do computador, sobretudo a Internet. Meu contato com a rede
começou há quatro anos, através dos chats3. A fase do chat durou uns dois anos e meio e foi no final dela que
descobri o quanto meu mundo poderia crescer através da Internet. Mesmo sendo
paraplégica desde os seis anos de idade, meu contato com outros portadores de
deficiências limitara-se aos poucos anos em que frequentei a AACD (Associação
de Apoio à Criança Deficiente). Foi através da Internet que retomei o contato
com pessoas com necessidades especiais, como eu, e comecei a me interessar por
assuntos relativos à deficiência, como luta por direitos, preconceito,
acessibilidade.
Foi
também através de um amigo de chat que Marcela teve o primeiro contato com o
mundo dos blogs (em julho, seu blog Maré fará um ano). Hoje, ela é uma
blogueira convicta.
-
No início era apenas um blog com assuntos despretensiosos. Mas, depois, percebi
que o estava direcionando para informar meus leitores, a maioria formada por
pessoas sem qualquer tipo de deficiência, sobre tudo que minha experiência como
"cadeirante" permitia. Percebi o quanto as pessoas são mal informadas
a respeito de como um portador de deficiência vive e que essa ignorância se
deve à falta de convivência ou de alguém que possa dizer a elas como as coisas
realmente são. Decidi que faria isso em meu blog.
NOTA:
2blog: é uma página web atualizada
frequentemente, composta por pequenos parágrafos apresentados de forma
cronológica. É como uma página de notícias ou um jornal que segue uma linha de
tempo, com um fato após o outro. O conteúdo e tema dos blogs abrangem uma
infinidade de assuntos que vão desde diários, piadas, notícias até poesia,
fotografias.
3chats: salas virtuais de bate-papo.
14. (Ufjf 2003) No fragmento "(...) tenho PRESERVADOS os movimentos de braços, mãos
e dedos (...)." (20. parágrafo), o ajuste de flexões em
"preservados" se explica por um processo de:
a) concordância
nominal com "braços".
b) concordância
verbal com "movimentos".
c) concordância
nominal com "movimentos".
d) concordância
verbal com "braços, mãos e dedos".
e) concordância
nominal com "dedos".
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
Antes
de mais nada, é preciso esclarecer que há uma diferença bastante significativa
entre responsabilidade social e ação social. Enquanto o primeiro compreende uma
série de itens nos quais a empresa deve ter comprometimento ético, com
fornecedores, acionistas, empregados e o meio ambiente, por exemplo, o segundo
se dá exclusivamente na relação da empresa com a comunidade. Entender essas
definições é de fundamental importância para as empresas que já desenvolveram,
vêm desenvolvendo ou querem desenvolver alguma atividade na área social. (...)
Há
várias explicações para esse processo de conversão de pensamento das empresas.
A mais difundida delas é justamente a mais simples e também a mais lógica: com
a redemocratização, as relações tomaram-se mais transparentes. E, na era das
comunicações, com a sociedade tomando conhecimento de movimentos como
"Ação pela Cidadania Contra a Fome e a Miséria", de eventos como a
"Rio 92" e com o crescimento de ONGs, ao redor do Brasil, nasceu uma
cobrança de postura. Cobrança essa que é de todos e recai na área social, pela
percepção dos problemas, como pobreza, fome, violência. Logo, ficaria difícil
criar "ilhas de prosperidade" no meio dos problemas.
(Jornal do
Commercio: 21/07/2002. Fragmento)
15. (Ufpe 2003) A concordância verbal e a nominal estão de acordo com a norma padrão em:
a) Houveram
implicações boas e más naquelas atitudes dos empresários de Pernambuco.
b) Propostas,
o mais adequadas possíveis, em termos de qualidade, foi apresentada aos
trabalhadores.
c) Quaisquer
deslizes perante o consumidor, nessa área, provoca problemas para a empresa.
d) É
necessário paciência para poderem os trabalhadores conseguirem seus plenos
direitos.
e) A
ação social, um dos temas mais discutidos atualmente, faz os interessados
repensarem a política fiscal.
16. (Enem 2002) Só falta o Senado aprovar
o projeto de lei [sobre uso de termos estrangeiros no Brasil] para que palavras
como "shopping center", "delivery" e
"drive-through" sejam proibidas em nomes de estabelecimentos e
marcas. Engajado nessa valorosa luta contra o inimigo ianque, que quer fazer
área de livre comércio com nosso inculto e belo idioma, venho sugerir algumas
outras medidas que serão de extrema importância para a preservação da soberania
nacional, a saber:
......
-
Nenhum cidadão carioca ou gaúcho poderá dizer "Tu vai" em espaços
públicos do território nacional;
-
Nenhum cidadão paulista poderá dizer "Eu lhe amo" e retirar ou
acrescentar o plural em sentenças como "Me vê um chopps e dois
pastel";
......
-
Nenhum dono de borracharia poderá escrever cartaz com a palavra "borraxaria"
e nenhum dono de banca de jornal anunciará "Vende-se cigarros";
......
-
Nenhum livro de gramática obrigará os alunos a utilizar colocações pronominais
como "casar-me-ei" ou "ver-se-ão".
(PIZA,
Daniel. Uma proposta imodesta. O Estado
de S. Paulo. São Paulo, 8/04/2001.)
No
texto acima, o autor
a) mostra-se
favorável ao teor da proposta por entender que a língua portuguesa deve ser
protegida contra deturpações de uso.
b) ironiza
o projeto de lei ao sugerir medidas que inibam determinados usos regionais e
socioculturais da língua.
c) denuncia
o desconhecimento de regras elementares de concordância verbal e nominal pelo
falante brasileiro.
d) revela-se
preconceituoso em relação a certos registros linguísticos ao propor medidas que
os controlem.
e) defende
o ensino rigoroso da gramática para que todos aprendam a empregar corretamente
os pronomes.
17. (Fuvest 2001) A única frase que NÃO apresenta desvio em relação à concordância verbal
recomendada pela norma culta é:
a) A
lista brasileira de sítios arqueológicos, uma vez aceita pela Unesco, aumenta
as chances de preservação e sustentação por meio do ecoturismo.
b) Nenhum
dos parlamentares que vinham defendendo o colega nos últimos dias
inscreveram-se para falar durante os trabalhos de ontem.
c) Segundo
a assessoria, o problema do atraso foi resolvido em pouco mais de uma hora, e
quem faria conexão para outros Estados foram alojados em hotéis de Campinas.
d) Eles
aprendem a andar com a bengala longa, o equipamento que os auxilia a ir e vir
de onde estiver para onde entender.
e) Mas
foram nas montagens do Kirov que ele conquistou fama, especialmente na cena
"Reino das Sombras", o ponto alto desse trabalho.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
BRASIL, MOSTRA A TUA CARA
A busca de uma identidade nacional é
preocupação deste século
João
Gabriel de Lima
1 Ao criar um livro, um quadro ou uma
canção, o artista 11brasileiro dos dias atuais tem uma preocupação a
menos: parecer brasileiro. A noção de cultura nacional é algo tão incorporado
ao cotidiano do país que deixou de ser um peso para os 12criadores.
Agora, em vez de servir à pátria, eles podem servir ao próprio talento. 6Essa é uma 7conquista
deste século. Tem como marco a Semana de Arte Moderna de 1922, 1uma
espécie de 8grito de independência artística do país, cem anos
depois da 2independência política. Até esta data, o 13brasileiro
era, antes de tudo, um 14envergonhado. Achava que pertencia a uma
raça inferior e que a única solução era imitar os modelos culturais importados.
Para acabar com esse complexo, foi preciso que um grupo de artistas de diversas
áreas se reunisse no Teatro Municipal de São Paulo e bradasse que ser
brasileiro era bom. O escritor Mário de Andrade lançou o projeto de uma língua
nacional. Seu colega Oswald de Andrade propôs o conceito de
"antropofagia", segundo o qual a cultura brasileira criaria um
caráter próprio depois de digerir as influências externas.
2 A semana de 22 foi só um marco, mas
pode-se dizer que ela realmente criou uma agenda cultural para o país. Foi
tentando inventar uma língua brasileira que Graciliano Ramos e Guimarães Rosa
escreveram suas obras, 3as mais significativas do 9século,
no país, no campo da prosa. Foi recorrendo ao bordão da antropofagia que vários
artistas jovens, nos anos 60, inventaram a cultura pop brasileira, no movimento
conhecido como tropicalismo. No plano das ideias, o século gerou três obras que
se tornariam clássicos da reflexão sobre o país. "Os Sertões", do
carioca Euclides da Cunha, escrito em 1902, é ainda influenciado por teorias
racistas do século passado, que achavam que a mistura entre negros, 15brancos
e índios provocaria 4um "enfraquecimento" da raça
brasileira. Mesmo assim, é 5um livro essencial, porque o repórter
Euclides, que trabalhava no jornal "O Estado de S. Paulo", foi a
campo cobrir a guerra de Canudos e viu na frente de 18combate muitas
coisas que punham em questão as teorias formuladas em gabinete.
"Casa-Grande & Senzala", do pernambucano Gilberto Freyre,
apresentava pela primeira vez a miscigenação como algo positivo e buscava nos
primórdios da colonização portuguesa do país as origens da sociedade que se
formou aqui. Por último, o paulista Sérgio Buarque de Holanda, em "Raízes
do Brasil", partia de premissas parecidas mas propunha uma visão crítica,
que influenciaria toda a sociologia produzida a partir de então.
VEJA, 22 de
dezembro, 1999. p. 281-282.
18. (Ufsm 2001) "(...) e VIU na frente de combate muitas coisas que punham em
questão as teorias formuladas em gabinete."
"(...)
e BUSCAVA nos primórdios da colonização portuguesa do país as origens da
sociedade que se formou aqui."
Analise
as afirmações a respeito da pontuação, concordância e regência dos segmentos
destacados.
I.
Os dois segmentos mostram que o autor não usou vírgula para separar adjuntos
adverbiais deslocados.
II.
A concordância verbal com o pronome relativo QUE está adequada à norma culta
somente na primeira construção.
III.
Se a expressão "punham em questão" fosse substituída por
QUESTIONAVAM, ocorreria um caso de crase.
Está(ão)
correta(s)
a) apenas
I.
b) apenas
II.
c) apenas
III.
d) apenas
I e III.
e) I,
II e III.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
(...)
publicou-se há dias o recenseamento do Império, do qual se colige que 70% da
nossa população não sabem ler.
1 Gosto dos algarismos, porque não são
de meias medidas nem de metáforas. Eles dizem as coisas pelo seu nome, às vezes
um nome feio, mas não havendo outro, não o escolhem. São sinceros, francos, ingênuos. As letras fizeram-se para frases; o algarismo
não tem frases, nem retórica.
2 Assim, por exemplo, um homem, o leitor
ou eu, querendo falar do nosso país, dirá:
3 - Quando uma Constituição livre pôs
nas mãos de um povo o seu destino, força é que este povo caminhe para o futuro
com as bandeiras do progresso desfraldadas.
A soberania nacional reside nas Câmaras; as Câmaras são a representação
nacional. A opinião pública deste país é
o magistrado último, o supremo tribunal dos homens e das coisas. Peço à nação
que decida entre mim e o Sr. Fidélis Teles de Meireles Queles; ela possui nas
mãos o direito a todos superior a todos os direitos.
4 A isto responderá o algarismo com a
maior simplicidade:
5 - A nação não sabe ler. Há só 30% dos
indivíduos residentes neste país que podem ler; desses uns 9% não leem letra de
mão. 70% jazem em profunda ignorância.
Não saber ler é ignorar o Sr.
Meireles Queles; é não saber o que ele vale, o que ele pensa, o que ele
quer; nem se realmente pode querer ou pensar. 70% dos cidadãos votam do mesmo
modo que respiram: sem saber porque nem o quê.
Votam como vão à festa da Penha, - por divertimento. A Constituição é para eles uma coisa
inteiramente desconhecida. Estão prontos
para tudo: uma revolução ou um golpe de Estado.
6 Replico eu:
7 - Mas, Sr. Algarismo, creio que as instituições...
8 - As instituições existem, mas por e
para 30% dos cidadãos. Proponho uma reforma no estilo político. Não se deve
dizer: "consultar a nação, representantes da nação, os poderes da
nação"; mas - "consultar os 30%, representantes dos 30%, poderes dos
30%". A opinião pública é uma
metáfora sem base; há só a opinião dos 30%.
Um deputado que disser na Câmara: "Sr. Presidente, falo deste modo porque os 30% nos
ouvem..." dirá uma coisa extremamente sensata.
9 E eu não sei que se possa dizer ao
algarismo, se ele falar desse modo, porque nós não temos base segura para os
nossos discursos, e ele tem o recenseamento.
(ASSIS,
Machado de. Obra Completa. Rio de
Janeiro: Nova Aquilar, vol. III, 1969.)
19. (Uerj 2000) Observe
a concordância verbal nos trechos abaixo:
70%
da nossa população não sabem ler
9%
não leem letra de mão (par.5)
70%
dos cidadãos votam do mesmo modo que respiram (par.5)
os
30% nos ouvem (par.8)
Sobre
o assunto, assim se expressa Evanildo Bechara:
"Nas
linguagens modernas em que entram expressões numéricas de porcentagem, a
tendência é fazer concordar o verbo com o termo preposicionado que especifica
referência numérica."
(BECHARA, Evanildo. "Moderna gramática português". Rio
de Janeiro: Lucerna, 1999.)
Considerando
essa lição gramatical, pode-se concluir que também estaria adequada a seguinte
construção:
a) 70%
do nossa população não sabe ler
b) 9%
não lê letra de mão
c) 70%
dos cidadãos vota do mesmo modo que respira
d) os
30% nos ouve
20. (Uel 1999) A concordância verbal está plenamente respeitada na frase:
a) Nem
mesmo um vestígio dos livros que lhe emprestamos há dez dias foram encontrados.
b) Entre
todas as obras expostas, impressionou-nos mais a que vocês trouxeram.
c) Ainda
não havia chegado nem os tios, nem os primos, quando a festa começou.
d) Se
fôssemos para levar em conta tudo o que ela diz, ficaríamos ofendidos o tempo
todo.
e) Acho
que qualquer uma dessas roupas poderiam me servir.
21. (Ufes 1999) O texto que OBEDECE às regras de concordância verbal é
a) "Com a alta dos juros, o saldo devedor dos financiamentos
habitacionais deverão aumentar cerca de 6% caso a TR permaneça elevada por seis
meses. Isso significa que uma dívida de R$62.867 aumentará para R$66.432 no período
de dozes meses."
O GLOBO - 13/9/98
b) "Dos dois mil eleitores de todo o país consultados pelo Ibope entre
6 e 10 de agosto, 22% disseram que costumam assistir ao programa até o fim e 30
%, algumas partes. Mas 33% desligam a TV e 9% mudam para o canal a cabo ou para
o vídeo. Os maiores índices dos que assistem a todo o programa estão entre os
de menor grau de instrução..."
A GAZETA - 16/7/98
c) A utilização competente destes instrumentos processuais têm permitido
que o judiciário, principalmente nos casos de vícios presumíveis nos editais de
venda e transferência de controle das empresas estatais para empresas privadas,
decidam (pre)liminarmente pela suspensão dos editais ou de cláusulas
específicas."
O GLOBO - 26/7/98
d) "O Ministério da Saúde lançou ontem, no Rio, o Programa de Combate
ao Câncer de Colo Uterino, que pretende atingir pelo menos 4 milhões de
mulheres este ano. Entre as metas do programa estão a redução de incidência da
doença e do número de óbitos motivados principalmente pela falta de um
diagnóstico precoce."
O ESTADO DE MINAS - 1/8/98
e) "A redução das alíquotas do IPI vinha sendo pleiteada pelas
montadoras desde novembro passado, quando foram elevadas em cinco pontos,
dentro do pacote de ajuste fiscal do governo. Na época havia estimativas de que
o aumento do IPI dos carros, em cinco pontos percentuais, e das bebidas, em dez
pontos, proporcionariam uma arrecadação extra de R$800 milhões neste ano."
O ESTADO DE MINAS - 1/8/98
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
Ação à distância, velocidade,
comunicação, linha de montagem, triunfo das massas, Holocausto: através das
metáforas e das realidades que marcaram esses cem últimos anos, aparece a
verdadeira doença do progresso...
O século que chega ao fim é o que
presenciou o Holocausto, Hiroshima, os regimes dos Grandes Irmãos e dos
Pequenos Pais, os massacres do Camboja e assim por diante. Não é um balanço
tranquilizador. Mas o horror desses acontecimentos não reside apenas na
quantidade, que, certamente, é assustadora.
Nosso século é o da aceleração
tecnológica e científica, que se operou e continua a se operar em ritmos antes
inconcebíveis. Foram necessários milhares de anos para passar do barco a remo à
caravela ou da energia eólica ao motor de explosão; e em algumas décadas se passou
do dirigível ao avião, da hélice ao turborreator e daí ao foguete
interplanetário. Em algumas dezenas de anos, assistiu-se ao triunfo das teorias
revolucionárias de Einstein e a seu questionamento. O custo dessa aceleração da
descoberta é a hiperespecialização. Estamos em via de viver a tragédia dos
saberes separados: quanto mais os separamos, tanto mais fácil submeter a
ciência aos cálculos do poder. Esse fenômeno está intimamente ligado ao fato de
ter sido neste século que os homens colocaram mais diretamente em questão a
sobrevivência do planeta. Um excelente químico pode imaginar um excelente
desodorante, mas não possui mais o saber que lhe permitiria dar-se conta de que
seu produto irá provocar um buraco na camada de ozônio.
O equivalente tecnológico da
separação dos saberes foi a linha de montagem. Nesta, cada um conhece apenas
uma fase do trabalho. Privado da satisfação de ver o produto acabado, cada um é
também liberado de qualquer responsabilidade. Poderia produzir venenos sem que
o soubesse - e isso ocorre com frequência. Mas a linha de montagem permite
também fabricar aspirina em quantidade para o mundo todo. E rápido. Tudo se
passa num ritmo acelerado, desconhecido dos séculos anteriores. Sem essa
aceleração, o Muro de Berlim poderia ter durado milênios, como a Grande Muralha
da China. É bom que tudo se tenha resolvido no espaço de trinta anos, mas
pagamos o preço dessa rapidez. Poderíamos destruir o planeta num dia.
Nosso século foi o da comunicação
instantânea, presenciou o triunfo da ação à distância. Hoje, aperta-se um botão
e entra-se em comunicação com Pequim. Aperta-se um botão e um país inteiro
explode. Aperta-se um botão e um foguete é lançado a Marte. A ação à distância
salva numerosas vidas, mas irresponsabiliza o crime.
Ciência, tecnologia, comunicação,
ação à distância, princípio da linha de montagem: tudo isso tornou possível o
Holocausto. A perseguição racial e o genocídio não foram uma invenção de nosso
século; herdamos do passado o hábito de brandir a ameaça de um complô judeu
para desviar o descontentamento dos explorados. Mas o que torna tão terrível o
genocídio nazista é que foi rápido, tecnologicamente eficaz e buscou o consenso
servindo-se das comunicações de massa e do prestígio da ciência.
Foi fácil fazer passar por ciência
uma teoria pseudocientífica porque, num regime de separação dos saberes, o
químico que aplicava os gases asfixiantes não julgava necessário ter opiniões
sobre a antropologia física. O Holocausto foi possível porque se podia
aceitá-lo e justificá-lo sem ver seus resultados. Além de um número, afinal
restrito, de pessoas responsáveis e de executantes diretos (sádicos e loucos),
milhões de outros puderam colaborar à distância, realizando cada qual um gesto
que nada tinha de aterrador.
Assim, este século soube fazer do
melhor de si o pior de si. Tudo o que aconteceu de terrível a seguir não foi se
não repetição, sem grande inovação.
O século do triunfo tecnológico foi
também o da descoberta da fragilidade. Um moinho de vento podia ser reparado,
mas o sistema do computador não tem defesa diante da má intenção de um garoto
precoce. O século está estressado porque não sabe de quem se deve defender, nem
como: somos demasiado poderosos para poder evitar nossos inimigos. Encontramos
o meio de eliminar a sujeira, mas não o de eliminar os resíduos. Porque a
sujeira nascia da indigência, que podia ser reduzida, ao passo que os resíduos
(inclusive os radioativos) nascem do bem-estar que ninguém quer mais perder.
Eis porque nosso século foi o da angústia e da utopia de curá-la.
Espaço, tempo, informação, crime,
castigo, arrependimento, absolvição, indignação, esquecimento, descoberta,
crítica, nascimento, vida mais longa, morte... tudo em altíssima velocidade. A
um ritmo de STRESS. Nosso século é o do enfarte.
(Adaptado de Umberto Eco, Rápida Utopia. VEJA, 25 anos, Reflexões para o futuro.
São Paulo, 1993).
22. (Puccamp 1999) A frase em que a concordância verbal respeita a norma culta é:
a) Não
basta, para entendermos o século XX, referências às conquistas tecnológicas e
científicas.
b) Foi
herdado do passado muitos traços dos comportamentos atuais, inclusive o que
permitiu, neste século, a perseguição aos judeus.
c) Quanto
mais separados os saberes, mais se fortalecerá, com toda certeza, os que estão
no poder.
d) Colocam-se
em questão, neste século, aspectos importantes acerca da sobrevivência do
planeta.
e) Decorre
do bem-estar - de que ninguém mais quer abrir mão - vários dos problemas que
hoje atingem a humanidade.
23. (Puccamp 1997) A frase que apresenta erro de concordância verbal é:
a) Os
voluntários formaram um verdadeiro exército, que, naquele momento trágico, agia
tão eficazmente como se tivesse sido treinado longamente para a tarefa.
b) Essas
alterações nas regras de preenchimentos dos formulários criaram uma multidão
que se acotovelava no saguão do Ministério à espera de maiores esclarecimentos.
c) O
líder da região se manifestava de maneira lúcida e equilibrada, dirigindo-se ao
povo sofrido que, naquele momento, ouvia atento e esperançoso.
d) A
notícia de que a prova seria adiada a pedido dos alunos agradou a classe toda,
que se sentiram prestigiados pela atenção do professor.
e) Alguns
aspectos relacionados à saúde pública dependem diretamente das medidas do
governo, que por isso, e por todos os meios, devia agir com mais rapidez e
eficiência.
24. (Mackenzie 1997) Assinale a única alternativa INCORRETA quanto à concordância verbal.
a) A
causa da tristeza de Maria eram as ausências dele.
b) Se
não houvessem cometido muitos erros no passado, hoje não haveria tantos
problemas.
c) Nossos
costumes provêm , em parte, da África.
d) Se
não existissem motoristas irresponsáveis, deveriam haver menos acidentes
fatais.
e) Quem
de nós, na próxima reunião do Conselho Administrativo, apresentará as
propostas?
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
Tribalização
O continente africano, que tantas
vezes e por tanto tempo já foi o espelho sombrio e espoliado dos progressos da
civilização ocidental, infelizmente continua sujeito a um processo que, no
limite, resume-se a uma implosão civilizatória.
Se os tempos são de globalização, o
espelho de horrores africano coloca-nos diante da antítese mais extrema, a da
tribalização. Chegam-se ao fim do século 20 com o mais velho continente
mergulhado em conflitos étnicos, miséria, endemias e estagnação econômica.
A situação tornou-se agora
extremamente grave, e entre Zaire e Ruanda parece inevitável uma guerra aberta.
Tudo sob o olhar distante e pouco interessado das grandes potências ocidentais.
A própria ONU admite não ter acesso a 600 mil refugiados hutus no leste do
Zaire e pediu fotos de satélite para identificar onde eles estariam. Segundo a
comissária da União Europeia, 1 milhão de pessoas podem morrer. Seria patético,
se não fosse absolutamente trágico.
A responsabilidade do Ocidente é
inegável. Basta lembrar o antigo nome do Zaire, Congo Belga, para tomar
consciência do passado colonialista que em muitos casos criou divisões
geopolíticas e unidades de governo pouco ou nada coerentes com tradições
tribais, étnicas ou mesmo territoriais.
Infelizmente, uma parte
relativamente grande da mídia e dos governantes dos países
"civilizados" retrata os conflitos como puramente tribais, como se o
genocídio africano não tivesse começado faz alguns séculos, sob o comando de
potências colonialistas.
Mais, parece evidente que a
"tribalização", ou seja, a predominância de fatores locais, étnicos e
de disputa territorial, nada mais é que o resultado de uma situação de
estagnação e fome epidêmica em que boa parte do continente continua mergulhada
em decorrência de seus sistemas econômicos, totalmente marginalizados da
globalização.
Lamentavelmente, a dívida em vidas,
riqueza e cultura do Ocidente com a África tende apenas a crescer.
(Adaptado da Folha de São Paulo, 31/10/96,
1-2.)
25. (Puccamp 1997) A única frase em que a concordância verbal está INCORRETA é:
a) O
espelho de horrores africano coloca-nos diante da antítese mais extrema, a da
tribalização.
b) ...boa
parte do continente continua mergulhada numa situação de estagnação e fome
epidêmica.
c) ...faz
alguns séculos...
d) Chegam-se
ao fim do século 20 com o mais que velho continente mergulhado em conflitos
étnicos, miséria, endemias e estagnação econômica.
e) ...a
"tribalização", ou seja, a predominância de fatores locais, étnicos e
de disputa territorial nada mais é...
26. (Uece 1996) Está certa a concordância verbal de:
a) DEIXARAM
DE HAVER conflitos amorosos entre eles.
b) A
maioria das pessoas AMAM inconscientemente.
c) Honduras
FICAM na América Central.
d) Qual
deles NAMORAM mais?
27. (Ufpe 1996) A LÍNGUA ENVERGONHADA
(Adaptação)
"Antigamente (e, na década da
onda nostálgica, o advérbio aqui não deve soar mal), havia um certo interesse -
natural e provocado pelo sistema de ensino - em conhecer, ao menos por alto, os
mestres do idioma vigente no País.
(...)
Escrevendo, estamo-nos expondo à
crítica implacável dos que sabem e oferecendo um exemplo aos que sabem menos do
que nós. Daí a responsabilidade - mais do que isso, o dever - de escrever
corretamente."
(Lago
Burnett)
Observe
que, na coluna 1, são apresentados fragmentos do texto que atendem à
norma-padrão, no que se refere à:
1.
CONCORDÂNCIA VERBAL
("...
havia um certo interesse ...")
2.
COLOCAÇÃO DO PRONOME OBLÍQUO ÁTONO
("...
estamo-nos expondo ...")
3.
CONCORDÂNCIA NOMINAL
("...
os mestres do idioma vigente ...")
4.
REGÊNCIA
("...
estamo-nos expondo à crítica ...")
5.
ACENTUAÇÃO
("...
e, na década da onda nostálgica ...")
Na
coluna 2, identifique a RAZÃO dos desvios gramaticais. Feito isto, estabeleça a
correspondência:
( ) Apenas exijo mais amor e menas
compreensão.
( ) O presidente não encontra-se, no momento
( ) Quando pensamos que ninguém nos vê,
somos nós que não vêmos.
( ) O seminário começa de duas horas.
( ) Não pode existir muitas pressões sobre
nós.
A
sequência correta é:
a) 2,
3, 1, 4 e 5;
b) 1,
2, 5, 4 e 3;
c) 3,
2, 5, 4 e 1;
d) 1,
2, 3, 4 e 5;
e) 2,
4, 5, 3 e 1.
28. (Ufpe 1996) OBSERVE:
"Transmitem-se,
nos meios de comunicação de massa, uma quantidade tão grande de informações,
que é impossível apreender..."
No
fragmento anterior há erro de:
a) Concordância
Verbal;
b) Regência
Nominal;
c) Pontuação;
d) Regência
Verbal;
e) Concordância
Nominal.
29.
(Mackenzie 1996) I – telespectador: - Pois não... Senhor Castro Alves, eu
conhecia o senhor muito de nome (...) e a... como é... a... a... "Canção
da África" ...
Jornalista: - "Vozes d'África".
Telespectador: - Pois é, essa daí... (...) Gostei muito... Cheio de dramaticidade,
muita verdade também...
(Gianfrancesco Guarnieri)
II
- Quando foi ali pela hora antes da madrugada a boiúna Capei chegou no céu.
(Mário de Andrade)
III -
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
(...)
Me dá um cigarro.
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
(...)
Me dá um cigarro.
(Oswald
de Andrade)
IV - Ia
saindo pra campear a pedra porém os manos não deixaram. Não durou muito a
cabeça chegou. Juque! bateu.
- Que há?
- Abra a porta pra mim entrar.
- Que há?
- Abra a porta pra mim entrar.
(Mário de Andrade)
V - Não
quero mais o amor,
Nem mais quero cantar a minha terra.
Me perco neste mundo.
Nem mais quero cantar a minha terra.
Me perco neste mundo.
(Augusto Frederico Schmidt)
O
erro gramatical pode constituir, num texto literário, um recurso expressivo
para construir determinados efeitos, que estão na intenção do autor. Os
excertos desses autores apresentam esse recurso de persuasão. As
"transgressões gramaticais" de mesma natureza estão nos excertos:
a) I
e III - concordância nominal.
b) II
e IV - uso do pronome oblíquo.
c) III
e V - colocação do pronome oblíquo.
d) III
e IV - concordância verbal.
e) I
e II - regência verbal.
30. (Mackenzie 1996) I - Senhor Deputado, nada dissemos à Vossa Excelência, já que se manteve
ensimesmada durante o jantar, não pudemos entender porque.
II
- Ninguém obedece à esta lei, que você se refere com tanto entusiasmo, por que
ela não se insere no nosso contexto.
III
- O primeiro item da censura, mascarando o porque daquela ação, apresentava uma
esplêndida demonstração do que é generalizar os seres humanos.
IV
- Não haviam tantos impecilhos para que você não pudesse aspirar o sucesso.
V
- Não entendo porque você faz insistentes alusões àqueles fatos desagradáveis,
que ela já se esqueceu.
De
acordo com a norma gramatical, há erros em todos os períodos. Assinale a alternativa
que mostra todos os erros da frase indicada.
a) I - regência nominal (ensimesmad e ortografia
(porque).
b) II - indicação da crase (à esta lei) e
ortografia (por que).
c) III - acentuação (ítem) e ortografia (porque).
d) IV - concordância verbal (haviam) e regência
verbal (o sucesso).
e) V - ortografia (porqu e indicação da crase
(áqueles fatos).
31. (Cesgranrio 1995) Assinale a opção em que a concordância verbal CONTRARIA a norma culta da
língua.
a) Não
se assistia a tais espetáculos por aqui.
b) Podem-se
respeitar essas convenções.
c) Pode-se
perdoar aos exilados.
d) Há
de se fazer muitas alterações.
e) Não
se trata de problemas graves.
32. (Fatec 1995) Assinale a alternativa correta quanto à concordância verbal.
a) Devem
haver outras razões para ele ter desistido.
b) Foi
então que começou a chegar um pessoal estranho.
c) Queria
voltar a estudar, mas faltava-lhe recursos.
d) Não
se admitirá exceções.
e) Basta-lhe
dois ou três dias para resolver isso.
33. (Fei 1995) Assinalar a alternativa em que a concordância verbal está incorreta:
a) Crianças,
jovens, adultos, ninguém ficou imune aos seus encantos.
b) Mais
de mil pessoas compareceram ao comício.
c) Não
só a educação mas também a saúde precisa de muita atenção do governo.
d) Bastam
dois toques para sabermos que você chegou.
e) Boa
parte das pessoas está preocupada com o futuro.
34. (Puccamp 1995) A única frase em que NÃO há erro de concordância verbal é:
a) Será
que não foi suficiente, neste tempo todo, as provas de fidelidade que lhes
demos?
b) Acredito
que faltará, ao que tudo indica, acomodações para mais de um terço dos
convidados.
c) Se
tiver de ser decidido, no último instante, as questões ainda não discutidas,
não me responsabilizo mais pelo projeto.
d) Houvessem
sido mais explícitos com relação às normas gerais, os coordenadores de programa
teriam evitado alguns abusos.
e) É
da maioria dos estudantes que depende, pelo que nos falaram os professores, as
alterações do calendário escolar.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
A questão da descriminalização das
drogas se presta a frequentes simplificações de caráter maniqueísta, que acabam
por estreitar um problema extremamente complexo, permanecendo a discussão quase
sempre em torno da droga que está mais em evidência.
Vários aspectos relacionados ao
problema (abuso das chamadas drogas lícitas, como medicamentos, inalação de
solventes, etc.) ou não são discutidos, ou não merecem a devida atenção. A
sociedade parece ser pouco sensível, por exemplo, aos problemas do alcoolismo,
que representa a primeira causa de internação da população adulta masculina em
hospitais psiquiátricos. Recente estudo epidemiológico realizado em São Paulo
apontou que 8% a 10% da população adulta apresentavam problemas de abuso ou
dependência de álcool. Por outro lado, a comunidade mostra-se extremamente
sensível ao uso e abuso de drogas ilícitas, como maconha, cocaína, heroína,
etc.
Dois grupos mantêm acalorada
discussão. O primeiro acredita que somente penalizando traficantes e usuários
pode-se controlar o problema, atitude essa centrada, evidentemente, em aspectos
repressivos.
Essa corrente atingiu o seu maior
momento logo após o movimento militar de 1964. Seus representantes acreditam,
por exemplo, que "no fim da linha" usuários fazem sempre um pequeno
comércio, o que, no fundo, os igualaria aos traficantes, dificultando o papel
da Justiça. Como solução, apontam, com frequência, para os reconhecidamente
muito dependentes, programas extensos a serem desenvolvidos em fazendas de
recuperação, transformando o tratamento em um programa agrário.
Na outra ponta, um grupo
"neoliberal" busca uma solução nas regras do mercado. Seus
integrantes acreditam que, liberando e taxando essas drogas através de
impostos, poderiam neutralizar seu comércio, seu uso e seu abuso. As
experiências dessa natureza em curso em outros países não apresentam resultados
animadores.
Como uma terceira opção, pode-se
olhar a questão considerando diversos ângulos. O usuário eventual não necessita
de tratamento, deve ser apenas alertado para os riscos. O dependente deve ser
tratado, e, para isso, a descriminalização do usuário é fundamental, pois
facilitaria muito seu pedido de ajuda. O traficante e o produtor devem ser
penalizados. Quanto ao argumento de que usuários vendem parte do produto: é
fruto de desconhecimento de como se dão as relações e as trocas entre eles.
Duplamente penalizados, pela doença
(dependência) e pela lei, os usuários aguardam melhores projetos, que cuidem
não só dos aspectos legais, mas também dos aspectos de saúde que são inerentes
ao problema.
(Adaptado de Marcos P. T. Ferraz, Folha de São
Paulo)
35. (Puccamp 1995) Como uma terceira opção, pode-se olhar a questão considerando diversos
ângulos.
A
concordância do verbo com o sujeito na frase anterior justifica-se pela mesma
razão que determina a concordância verbal em:
a) A
sociedade parece ser pouco sensível, por exemplo, aos problemas do alcoolismo.
b) Vários
aspectos relacionados ao problema não merecem a devida atenção.
c) Por
outro lado, a comunidade mostras-se extremamente sensível ao uso e abuso de
drogas ilícitas, como maconha, cocaína, heroína, etc.
d) Discute-se
muito sobre a questão da descriminalização das drogas.
e) Em
recente estudo epidemiológico realizado em São Paulo, apontou-se esse alto
índice de dependentes de álcool.
36. (Cesgranrio 1992) Assinale a opção em que a NORMA CULTA admite SÓ UMA concordância verbal:
a) A
maioria dos jovens_______ acompanhando pelos jornais as notícias sobre a
Croácia. (vem/vêm)
b) Naquela
guerra entre quadrilhas,_______ um dos chefes e alguns moradores das
proximidades. (morreu/morreram)
c) Fui
eu quem_______ um manifesto contra as irregularidades dessa repartição. (encabeçou/encabecei)
d) _______
haver campanhas educativas sobre o trânsito de nossa cidade. (Deveria/Deveriam)
e) Quantos
de nós_______ realmente dispostos a ajudar o próximo? (estarão/estaremos)
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
1 Fabiano ia satisfeito. Sim senhor,
arrumara-se. Chegara naquele estado, com a família morrendo de fome, comendo
raízes. Caíra no fim do pátio, debaixo de um juazeiro, depois tomara conta da
casa deserta. Ele, a mulher e os filhos tinham-se habituado à camarinha escura,
pareciam ratos - e a lembrança dos sofrimentos passados esmorecera.
2 Pisou com firmeza no chão gretado,
puxou a faca de ponta, esgaravatou as unhas sujas. Tirou do aió um pedaço de
fumo, picou-o, fez um cigarro com palha de milho, acendeu-o ao binga, pôs-se a
fumar regalado.
3 - Fabiano, você é um homem, exclamou
em voz alta.
4 Conteve-se, notou que os meninos
estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E, pensando bem,
ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros.
Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos; mas como
vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na
presença dos brancos e julgava-se cabra.
5 Olhou em torno, com receio de que,
fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a,
murmurando:
6 - Você é um bicho, Fabiano.
7 Isto para ele era motivo de orgulho.
Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades.
8 Chegara naquela situação medonha - e
ali estava, forte, até gordo, fumando o seu cigarro de palha.
9 - Um bicho, Fabiano.
(Graciliano Ramos, VIDAS SECAS. Rio de Janeiro, Martins Editora, 1960, p. 20-21)
37. (Cesgranrio 1991) Assinale a concordância verbal ERRADA:
a) Já
é uma hora da tarde e ele ainda não chegou.
b) Fazia
três anos que ele viajara para Belém.
c) Na
reunião só havia cinco representantes do Sindicato.
d) Deve
existir pelo menos mais três documentos guardados.
e) Qual
dos três cientistas ganhará o prêmio este ano?
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